Trapaça do Macaco no Palácio do Dragão
Heróis legendários costumam ser sinônimos de suas armas poderosas. Zeus com seu raio, o Rei Arthur com sua espada Excalibur, Thor com seu martelo e o Rei Macaco com sua poderosa vara, conhecida como o Bastão de Ouro. Esta é a história original de como o Rei Macaco encontrou, ou de como ele fugiu usando sua super-arma.
Como contado em Jornada para o Oeste (romance chinês de 1570), há muito, muito tempo, uma rocha sobrenatural no topo da Montanha de Flores e Frutas absorveu a essência do Céu e da Terra. Um dia, a rocha estourou de repente e dela saltou um macaco. Ele era inteligente, corajoso e ousado. Os outros macacos comuns ficaram tão impressionados com suas habilidades mágicas que o coroaram “Rei Macaco” e então passaram a festejar seus dias alegremente.
Mas Macaco estava sofrendo uma angústia existencial. Qual era o sentido de toda essa felicidade temporária se, no final, o que espera um macaco é a velhice, a doença e a morte? Ele decidiu buscar ensinamentos verdadeiros para obter imortalidade.
Um mestre taoísta o aceitou como discípulo e o treinou intensamente nas montanhas. Lá, ele aprendeu as artes de voar e de se transformar em qualquer coisa que quisesse. Quando concluiu seu treinamento, ele se despediu de seu mestre e voltou para casa.
De volta à Montanha de Flores e Frutas, o Rei Macaco começou a ter novas preocupações. Suas habilidades haviam melhorado, mas ele não tinha nenhuma arma à altura das suas habilidades. Seus companheiros macacos tentaram ajudá-lo a encontrar – um sugeriu uma pedra, outro uma banana grande. No momento em que todo mundo estava vasculhando, apareceu um macaco velho. Ele tinha vivido centenas de anos e sabia tudo o que havia para se saber. E contou a eles sobre um fantástico Palácio do Dragão no fundo do Mar Oriental.
"Lá", disse ele, "o Rei Dragão guarda muitos tesouros". O Rei Macaco ficou entusiasmado ao ouvir essa história e imediatamente iniciou a sua viagem.
Enquanto isso, a muitas léguas submarinas, o Rei Dragão e suas cortesãs crustáceas estavam desfrutando de um grande banquete no Palácio do Dragão. Eles estavam no meio de uma apresentação de um grupo das dançantes fadas da água, quando o General Wu-gui, a tartaruga braço-direito do Rei Dragão, entrou impetuosamente no corredor: "Sua alteza, um intruso—".
Logo após, o Rei Macaco surgiu por entre as portas. Ele cumprimentou o Rei Dragão e disse: "Ei, Rei Dragão, como vai? Você poderia me ajudar? Veja, eu preciso de uma arma, uma poderosa. Ouvi dizer que você pode ter exatamente a coisa que eu quero. O que acha?"
O Rei Dragão havia ouvido rumores sobre esse macaco mágico. Dizia-se que ele tinha muitos truques na manga. Não querendo problemas, o Rei Dragão ordenou que seus súditos trouxessem algumas armas para o Macaco experimentar.
As portas de coral se abriram e emergiu no corredor Lord Eel, carregando uma lança brilhante pesando cerca de 2.200kg. O Macaco estava animado. Ele a pegou com suas mãos peludas e a girou como um bastão. Mas era muito leve e frágil. Ele franziu o nariz e a jogou de volta para Lorde Eel.
Em seguida, com a ajuda do Conde Caranguejo, o Lorde Lagosta entrou arrastando uma espada gigante pesando 4.400kg. O Macaco a pegou com facilidade e, depois de balançá-la algumas vezes, concluiu que também era leve demais.
O Rei Dragão começou a suar debaixo d'água. Dessa vez, ele solicitou a sua arma mais pesada.
As portas se abriram e entraram três crustáceos. Eles carregavam uma enorme alabarda, pesando mais do que qualquer uma das outras armas e cada passo que se dava se fazia tremer o fundo mar. Fingindo que ela era pesada demais para ser levantada e só por diversão, o Macaco brincou um pouco com eles para depois levantá-la no ar e balançá-la com um dedo. O Macaco balançou a cabeça e jogou-a de lado.
Ele perguntou: "Todos esses são como palitos de dente. Você não tem nada mais pesado?"
O Rei Dragão estava desesperado, até que sua esposa nadou até ele e sugeriu o bastão gigante de ferro que havia no tesouro deles. Ela comentou que dias antes o bastão havia brilhado com uma luz celestial, e talvez o Macaco estivesse destinado a possuí-lo. O Rei Dragão concordou e levou o Macaco para ver o tesouro.
O bastão gigante ficava no pátio mais distante do palácio. De um lado estavam gravadas as palavras: "A Flexível Vara Argolada em Ouro". Tinha a largura de um tubo e tinha 6 metros de altura. O bastão, simbolicamente, também era responsável por manter o mar estável.
Os olhos do Rei Macaco brilharam assim que o viu. Ele tentou levantá-lo – e embora pudesse pegá-lo, era muito pesado para manejá-lo. "Hmm ... ele é grande demais para segurar, gostaria que pudesse ser menor..."
De repente, antes que ele terminasse esse pensamento, o bastão encolheu para o tamanho de um cajado de pastor e voou para sua mão. O Rei Macaco estava em êxtase. Ele começou a girar e girar, causando enormes correntes no palácio. O Rei Dragão e suas cortesãs quase foram varridos!
Feliz por ter encontrado a arma perfeita, o Macaco magicamente encolheu o bastão novamente – desta vez para o tamanho de uma agulha. Ele o colocou atrás da orelha, onde poderia carregá-lo para uso futuro em batalha. Ele rapidamente agradeceu ao Rei Dragão e voltou para casa.
O Rei Dragão, embora aliviado por se livrar do hóspede exigente, virou-se para o General Wu-gui e o repreendeu por ter deixado entrar no palácio o Macaco não convidado.
À medida que a aventura do Macaco continuava, um grande número de criaturas sentiria a ira de seu Bastão de Ouro, de Porcoso e Areioso, seus futuros membros, a lacaios, monstros e esqueletos-demônios. Afinal, de que outra forma você poderia proteger um monge budista piedoso, mas indefeso, em uma jornada perigosa?
A peça do Shen Yun 2016, O Rei Macaco e o Palácio do Dragão, coreografado por Gu Yuan e Yu Yue com música de Jing Xian, é baseado nessa história.
18 de fevereiro de 2016