Nesta série, olhamos para figuras históricas do passado da China que têm intrigantes paralelos ocidentais.
Imagine como Sócrates e Laozi (muitas vezes escrito Lao-Tzu) se dariam bem se tivessem se conhecido? Barreiras linguísticas à parte, sobre o que eles podem falar?
Agora, esses dois sábios altamente estimados eram pessoas de grande sabedoria, então suas palavras carregavam camadas de significado. Contudo, no espírito da boa diversão, pegamos emprestadas algumas de suas citações conhecidas para estabelecer uma conversa imaginária em um antigo mercado sino-greco ao ar livre.
Cada um expressa seus pensamentos enquanto observa a agitação do mundo mortal. Observe como suas opiniões sobre alguns assuntos parecem ser semelhantes. Claro, quando Laozi e Sócrates falaram cerca de 2.500 anos atrás, suas circunstâncias e público-alvo não eram os mesmos. Então, tendo isso em mente... divirta-se!
* * *
Vendo as pessoas indo de loja em loja carregando suas compras, Sócrates observa: “É rico quem se contenta com o mínimo. Pois o contentamento é a riqueza da natureza”.
Acariciando sua longa barba branca e concordando com a cabeça, Laozi responde: “Aquele que está contente é rico”.
Em meio à algazarra de vendedores gritando para anunciar seus produtos, Sócrates diz com um sorriso: “O silêncio é uma melodia profunda para quem pode ouvi-lo acima de todo o barulho”.
““Quando há silêncio, encontra-se a âncora do universo dentro de si mesmo”, concorda Laozi.
“Conhece-te a ti mesmo”, acrescenta Sócrates.
“Conhecer os outros é ser inteligente”, diz Laozi. “Conhecer a si mesmo é ser iluminado”.
Um nobre que passa ouve a conversa deles e percebe que os dois são homens de sabedoria. Apesar de sua riqueza, o nobre é muitas vezes engolido pela tristeza. Ele tenta se fazer feliz comprando coisas. No entanto, a felicidade adquirida é efêmera. Ele se aproxima da dupla e pede o segredo da verdadeira felicidade.
Suspirando, Laozi diz a ele: “Se sua felicidade depende de dinheiro, você nunca será feliz consigo mesmo”.
Sócrates consola o nobre e explica: “O segredo da felicidade, veja bem, não está em buscar mais, mas em desenvolver a capacidade de desfrutar menos”.
O homem fica atordoado com a simples revelação e sua visão da vida é completamente alterada. Ele agradece aos dois e continua seu caminho, imerso em pensamentos…
* * *
Laozi e Sócrates, muitas vezes considerados os pais das filosofias oriental e ocidental, respectivamente, falaram de verdades que são universais. E as semelhanças entre seus ensinamentos são fascinantes e vale a pena contemplar. Eles até pareciam concordar em não saber:
Laozi: “Perceber que você não entende é uma virtude; não perceber que você não entende é um defeito”.
Sócrates: “A única verdadeira sabedoria está em saber que você não sabe nada”.
Por mais humildes que fossem, podemos aprender muito com eles. Esses sábios da antiguidade concentraram sua atenção no interior. Cultivaram seus corações e obtiveram o autodomínio por meio da superação de medos e desejos.
Conforme explicaram:
Laozi: “Manifeste a simplicidade, abrace a simplicidade, reduza o egoísmo, tenha poucos desejos”.
Socrates: “Quanto menos nossos desejos, mais nos parecemos com os deuses”.
Talvez da próxima vez que você se encontrar em conflito com alguém, tente voltar sua atenção de fora para dentro. Em vez de encontrar falhas neles, tente encontrar falhas em si mesmo. Atreva-se a dar-se uma chance? Se você fizer isso, você pode ter acabado de dar o primeiro passo para se tornar um sábio!
* * *
Com a Dinastia Zhou em declínio, por volta do quarto século AEC, Laozi decidiu partir e partiu para o Oeste, para nunca mais ser visto. Contudo antes disso, ele escreveu 5.000 palavras de sabedoria, o Tao Te Ching, e deixou-o para seus futuros discípulos estudarem e colocá-lo em prática.
Mais ou menos na mesma época, em 399 AEC, Sócrates foi condenado por impiedade contra o panteão ateniense e por “corromper a juventude”. Ele foi forçado a se matar bebendo uma tigela de veneno. Sócrates manteve as verdades que ensinou ao longo de sua vida, deixando uma lição final para seus discípulos.
“Não posso ensinar nada a ninguém. Só posso fazê-los pensar”, disse Sócrates.
“Quem sabe não fala. Quem fala não sabe”, disse Laozi.